Repita a senha não-iniciado:

Pederneira. Substância muito usada no fabrico de corações humanos. (Ambrose Bierce)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Humor e Filosofia


Se a beleza salvará o mundo é coisa que não se vê, ainda, mas que o humor refresca a vida é ato cotidiano. Do povo simples ao dândi, do humor estabanado, pornográfico e lugar comum, ao refino comedido, reflexivo, interessante de uma ironia fina.

Em muitos aspectos, por sua metafísica estética, o humor é a melhor ou a mais interessante resposta ao Absurdo. O ato de amar pressupõe ansiedade, o ato de desejar pressupõe carência, o ato de ter pressupõe precaução, mas o ato de rir é isento. O homem, enquanto ri, está completamente satisfeito em si mesmo.

Sendo assim, não posso deixar de pensar no depressivo Tesla superando a melancolia lendo Mark Twain. Eu mesmo já superei a melancolia com o The Devil's Dictionary, de Ambrose Bierce.

Um homem como Nicola Tesla poderia aprender com Tom Sawyer?

Sim, e, de fato, tudo. O humor é uma reação positiva a uma situação negativa, não se exige uma construção, um sentido, ele não é drama; não é pensamento, é sensação. É, instintivamente, uma leve reação de superioridade mediante as coisas, até de si mesmo. O humor é independente e auto-suficiente demais para não aborrecer a vaidade dos espíritos profundos ou pretensiosamente profundos, e estou me incluindo aqui.

Nietzsche foi talvez o primeiro filósofo moderno a perceber a necessidade do humor. Pena não ter sido engraçado, era trágico demais. Sócrates, outrossim, e Voltaire com ele, tiveram outra disposição e mudaram seus mundos.

Enquanto escritor, sempre fui bom com a sátira. Dizem que gente assim é boa com sátira: Ambrose Bierce era um homem de péssimo caráter. De qualquer maneira, se louvo o mérito, não me dedico a ele: Penso também que é preciso ser honesto consigo, e não me parece certo sorrir em um vale de lágrimas. É contraditório.

Nenhum comentário:

Postar um comentário