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Pederneira. Substância muito usada no fabrico de corações humanos. (Ambrose Bierce)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mitos Modernos

De todos os mitos modernos, dentre a eminente Guerra Nuclear, os zumbis, vampiros existenciais, a pesquisa de opinião pública, a igualdade de oportunidades, até a manga com leite, nenhum me agrada tanto quanto o mito do espião.

Claro, eles existem. Sabemos bem. Estão monitorando nossos emails, afirmando e derrubando regimes totalitários, mas toda a nuvem ao redor da figura misteriosa do espião em uma sociedade interligada como a nossa gera uma aura heróica e vilanesca em um só tempo sobre esses jovens estudantes de infância infeliz recrutados para o serviço inconfessável de seus países(maquiavélico por necessidade). Adentrar, detalhar, perceber, recolher. Entre a materialidade de um Edward Bell Wilson, ao utópico garbo de Bond, existem profundades da maior realidade.

E nos consideramos falsos? Sustentar durante longos períodos identidades móveis, tipos, recortes e feições de uma vida de horas, dias, ou anos. Remido por ordens, sozinho e ao mesmo tempo com milhares de olhos recuperando cada uma de suas ações. Missão após missão, a família, a vida cotidiana esmagada pelo interesse de mundos. O espião é o supra de toda a paranóia que dizemos existir, de um modo geral. E existiria, de fato, uma paranóia generalizada?

Basta saber que existem pessoas por aí, monitorando nossos emails, recuperando nossos passos.

E são bem eles. E sabemos muito bem.

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